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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

É tudo igual??

Com o grande aumento das metrópoles e com o processo de globalização, está ocorrendo o fenômeno de “neutralidade arquitetônica” (ZENTES & SCHWARS-ZANETTI, apud VARGAS, 2003), ou seja, as cidades tornam-se “cada vez mais uniformes, cultural e fisicamente” (MENDES, 2006, p.49), fazendo com que o indivíduo não se identifique com o local que mora ou que está visitando.

“Se ao aterrizar em Trude eu não tivesse lido o nome da cidade escrito num grande letreiro, pensaria ter chegado ao mesmo aeroporto de onde havia partido. Os subúrbios que me fizeram atravessar não eram diferentes da cidade anterior, com as mesmas casas verdinhas e amarelinhas. Seguindo as mesmas flechas, andava-se em volta dos mesmos canteiros das mesmas praças. As ruas do centro exibiam mercadorias, embalagens, rótulos que não variavam em nada. (CALVINO, 1997, p. 118)

Atualmente o que é visto é uma ‘homogeneização da espetacularização’, onde os arquitetos realizam seus projetos de forma a não levar em consideração as características da cultura do local a ser construído e sim de uma estética global (Figura 1, 2 e 3). Segundo Sánchez (2003), essas novas formas de produção do espaço vêm criando nas cidades os chamados espaços de renovação “que são cada vez mais homogêneos no mundo todo, pois são moldados a partir de valores culturais e hábitos de consumo do espaço tornados dominantes na escala mundo”.

A padronização arquitetônica pode ser vista de duas maneiras: da forma e do arquiteto. A primeira é o caso da arquitetura monumental que não possui uma característica específica para cada local, descartando as tradições, a cultura e os materiais da região. Qualquer lugar que possua capital suficiente para um mega-projeto, poderá inserir em sua malha urbana uma torre em forma de elipse, uma estrutura geométrica desconstruída ou até mesmo com formato de navio, flores, entre outras. A segunda situação é onde a característica do arquiteto homogeiniza seu projeto em qualquer lugar que ele o desenvolva.

A arquitetura icônica é um instrumento importante do planejamento urbano, incrementando o turismo e atraindo maior visibilidade, portanto, não é defendida a eliminação dessas construções e sim, a valorização do local, fazendo com que o projeto reflita, além da característica de cada arquiteto, a cultura, história e estética própria do local a ser inserido.


Bibliografia:

CALVINO, Italo As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

MENDES, Camila Faccioni Paisagem Urbana: uma mídia redescoberta. São Paulo: Editora Senac, 2006.

SÁNCHEZ, Fernanda A Reinvenção das Cidades para um Mercado Mundial.Chapecó: Argos, 2003.

VARGAS, Heliana C. Da arquitetura corporativa à cidade corporativa. In: LI Congresso de Americanistas, Simpósio A Cidade nas Américas, Perspectivas da Forma Urbanística no Século XXI, Santiago do Chile, 2003.

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