O conjunto residencial Box House, do arquiteto Yuri Vital, chama a atenção de quem passa pelo bairro de Brasilândia, na zona norte de São Paulo. As 17 casas do empreendimento de baixo custo parecem caixas bem estruturadas, com 47 m² cada uma
Quando começou a idealizar as Box Houses - o nome vem da arquitetura das casas, pensadas como se fossem caixas -, Vital logo optou por criar um meio nível abaixo do perfil do terreno e um meio nível acima, criando uma residência de dois pavimentos e vagas de garagem privativas, abaixo da casa. Ao todo, são 17 casas, com 47 m² cada uma, dispostas em duas fileiras separadas por uma rua particular.
Para não ultrapassar o limite de 6 m de altura estabelecido pela prefeitura, o arquiteto idealizou um meio nível abaixo do perfil do terreno para comportar garagem e depósito; o primeiro pavimento, com sala, lavabo, cozinha e área de serviço, encontra-se a apenas meio nível acima. No pavimento superior, estão os dois quartos, um deles com varanda, e um banheiro
Nas residências, no piso inferior, estão o lavabo, a cozinha e as salas de estar e jantar integradas, além de uma área de serviços. No piso superior há dois dormitórios, um deles com varanda, que dividem um banheiro. "O conceito foi o de fazer uma habitação de baixo custo que tivesse uma arquitetura que eu chamo de 'digna', criando algo inovador", diz Yuri Vital. O arquiteto conta que tinha como objetivo fazer a arquitetura de interesse social ampliar suas fronteiras, e por isso quis idealizar um projeto que se tornasse uma referência neste setor.
Como sistema construtivo, foi especificado o bloco estrutural, o que gerou, de acordo com Vital, uma economia de aproximadamente 30% em relação à alvenaria convencional, sistema que iria exigir a execução de estrutura de vigas e pilares. "Com o bloco estrutural, não é preciso fazer a estrutura. O volume de concretagem é reduzido. Não tem pilar. O bloco estrutural já é a própria estrutura", explica.
Outro fator importante para uma construção econômica e arquitetonicamente bonita foi o detalhamento do projeto. "Uma obra bem detalhada torna-se econômica durante sua execução. Neste projeto, até mesmo as pingadeiras estão detalhadas", diz o arquiteto. Esse nível de detalhamento facilita o andamento da obra ao proporcionar à equipe do canteiro o máximo de elementos para execução correta da construção, o que evita erros e retrabalho.
A diversidade do público-alvo também foi considerada desde a concepção do projeto. O condomínio foi planejado para atender jovens solteiros, recém-casados, casais com filhos, casais de meia idade, mas todos pertencentes às classes C e D. Por ser um projeto popular, as unidades também foram vendidas no Feirão da Caixa de 2008 por R$ 90 mil. Hoje o valor de cada casa gira em torno de R$ 135 mil.
Feita a partir da porta de entrada, a foto mostra o ambiente de estar, nesse caso integrado à cozinha, de onde parte da escada que conduz ao piso superior
No piso térreo de cada casa localiza-se um depósito e a garagem, construídos um meio nível abaixo do perfil do terreno para manter o gabarito de 6 m de altura imposto pela prefeitura
Vista do quarto principal, situado na parte frontal do pavimento superior das casas.
"As exigências técnicas e estéticas são as mesmas para qualquer classe", diz Yuri Vital. Talvez seja importante desmistificar o conceito de que estes aspectos sejam superficiais e só acessíveis às pessoas mais abastadas, pois é possível construir com qualidade técnica e padrões estéticos mesmo com baixo custo.
A garagem fica meio nível abaixo do perfil do terreno para evitar que a construção ultrapassasse os 6 m de altura impostos pela legislação
A planta do primeiro pavimento evidencia, do lado direito, a escada externa que dá acesso à casa. Logo no piso de chegada, há um lavabo. No centro, a sala de estar integrada à de jantar; na cozinha, uma porta dá acesso à área de serviço.
No segundo pavimento, os dois quartos dividem um banheiro
(Fonte: UOL - Dulce Rosell)
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